O HOMEM DO SACO
Regina Drummond
Tem um velho barbudo que passa, todos os dias, em frente ao prédio onde Aline mora. Todo mundo morre de medo do velho, porque a roupa dele é esquisita, ele olha para tudo com cara de nada e, principalmente, porque carrega um saco enorme nas costas.
Quando ele aponta na esquina, alguém sempre grita:
- Olha o homem do saco!!!
E todas as crianças correm para se esconder.
- O que será que tem naquele saco? – as crianças perguntam umas às outras.
Lucas, o irmão mais novo de Aline, pensa que ele é Papai Noel sem trabalho, já que ainda não é Natal. Tatiana, a irmã mais velha, acha que ele esconde no saco as crianças que rouba. E explica:
- Ele leva as crianças para o circo, onde põe as coitadinhas para trabalhar sem descanso, ou pior ainda, servir de comida de leão! Já vi muitas histórias deste tipo, nos livros! – arremata, os olhos muito abertos.
- Será que ele pega mesmo?
A pergunta é sempre a mesma. As respostas é que variam:
- Só as meninas chatas, teimosas, birrentas...
- Dizem que come crianças...
- E por que elas não gritam?
- Ficam mudas de medo!
- Pois eu acho que ele não faz nada, é só um pobre coitado!
- Talvez... Ele tem um jeito desligado, não será um andarilho solitário?
- Andarilho? O que é isto? Alguém que fica só andando, sem rumo?
- Andando, vendo tudo e pensando seu bobo!
- Ah, não! Para mim, ele é um milionário disfarçado...
- Isso mesmo! Ele deve ser algum ricaço, que só gosta de fazer o que tem vontade, na hora que bem entende!
Só uma coisa, todos concordavam: é melhor não chegar muito perto dele!
Aline sempre foi uma menina corajosa. Ela não tem medo do escuro, porque sabe que o escuro é a mesma coisa que o claro, só que sem luz.
Ela não tem medo de se perder, porque sabe direitinho o endereço da casa.
Ela não tem medo de monstros e fantasmas, porque sabe que ele só existem só na imaginação da gente.
Posso até dizer que ela não tem medo de nada, porque ela vai lá e enfrenta o medo.
Aline resolveu, então, fazer a pergunta diretamente ao homem do saco:
- O que o senhor guarda aí dentro deste saco?
- Tudo! – respondeu ele.
- Tudo?! – Aline quase gritou, imaginando os maiores horrores.
Ele logo explicou numa voz suave e pausada:
- Eu moro na rua e guardo aqui, todas as minhas coisas: um fogareiro, duas panelas, comida, cobertor, algumas roupas, papel, caneta, meus livros prediletos, enfim, tudo que eu preciso!
Aline achou graça:
- Então, é a sua casa que está dentro do saco!
- É... – concordou ele.
- E você leva sua casa nas costas!
- É... – concordou o velho.
- Como um caracol!
- É... – O homem do saco concordou e os dois riram.
Só depois que ele foi embora, Aline percebeu que conhecera uma pessoa muito especial, alguém que não se preocupava em “possuir” as coisas, que se contentava apenas em conhecê-las, vivê-las, aprender com elas. Sentiu vontade de ser sua amiga, ele deveria Ter tantas coisas interessantes para contar, mas já o homem do saco desaparecera na curva do caminho.
1) Por que, para o velho o que ele guardava dentro do saco era “tudo“?
2) Aline diz:
- Então, é a sua casa que está dentro do saco!
E o velho concorda.
Para Aline e para o homem do saco, casa serve para quê? Escolha a resposta:
( )Para a gente ter um lugar onde morar.
( )Para a gente guardar as coisas de que precisa.
3) Aline acabou achando que o velho era uma pessoa “especial”. Por que ele era “muito especial”?
4) Dentro do saco, o velho tinha coisas que a gente não espera que sejam necessárias para uma pessoa que vive na rua. Quais são essas coisas?
5) Você acha que toda pessoa que mora na rua é uma pessoa “especial”, como o velho do saco? Justifique a sua resposta.
6) Faça a lista segundo o que você leu sobre o que as crianças pensam quem é o homem do saco e o que ele carrega no saco.
QUEM É O HOMEM DO SACO? | O QUE ELE CARREGA NO SACO |
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